terça-feira, 4 de agosto de 2015

O POETA E SUA GRANADA


O poeta de leveza nos olhos 
Carrega o peso da luta 
Desnecessariamente se expõe 
E necessariamente ocupa
Ocupa muros, corações e mentes 
Ocupa, ocupa o que não pode ser desocupado 
Entre sorrisos, abraços e dedos do meio
O poeta é a esquiva do vento torto
Rasteiras, voadoras, tiros, caras feias
Nada disso detém o poeta 
Varre rua e escreve na guia 
Dorme na sarjeta e rabisca a calçada 
Pinta as nuvens e picha no céu 
Conta anedota nada hilária 
Melhor, ele é a anedota hilária dos insensíveis 
Eita poeta zika 
Tirou nicotina do beiço 
Meteu a faca no que parecia ser duradouro 
Dedilhou violões inexistentes 
Tomou cachaça pra esquecer 
E escreve pra não morrer 
Vive com a granada na mão 
Prestes a puxar o pino
Enquanto a disposição não vem
Estoura palavra na guerra 
Se refugia na trincheira do pensamento 
Rabisca versos-escudos para artistas exuberantes
E finge parecer são, por ser tão louco
Este poeta...
Este poeta, vive para incomodar as verdades blindadas.

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